O filme, apesar de interessante e agradável, se mostra bastante superficial, não fugindo, nesse ponto, do padrão hollywodiano. É surpreendente que um ser humano, inicialmente pacato, ao se elevar a condição de gênio – no final, Morra é capaz de prever o futuro matematicamente– não questione o status quo político, econômico e social. A inteligência, pelo contrário, se mostra limitada ao sistema vigente, afinal, as coisas são e sempre serão assim, não havendo, portando, nada que se pensar.
No desenrolar da trama, com sua ‘’inteligência’’, Morra torna-se um importante acionista do mercado de ações, conseguindo, dessa maneira, acesso aos luxos da alta sociedade. Festas, reuniões empresariais e belas mulheres - afinal, o amor é somente dos belos - integram-se a sua rotina. Sua ex, inclusive, revive seu amor por Morra, ao perceber que ele finalmente ''tomou jeito''. O homem capaz e astuto torna-se, pois, aquele que tem dinheiro, poder e...mulheres.
São idealizações desse tipo, conscientes ou não, que acabam por desumanizar o Homem. Cria-se uma falsa idéia de que o ápice da vida se dá no sucesso financeiro e material. Tal visão do potencial humano somente denota a degradação intelectual por qual passa a humanidade contemporânea, influenciada pelo consumismo e individualismo.
Urge, portanto, a recuperação do Homem, que se animalizou em uma natureza artificialmente criada por si, mas não para si. Somente com reflexão, ação e organização que o bicho Homem romperá com os limites que impôs a si mesmo. Somente com a verdadeira inteligência, que Homem se tornará de fato ilimitado.
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