Prova desse muro entre os que têm e os que não tem é outra Luísa que conheci; essa já rica – não por possuir mansões ou algo do tipo, mas por ter alimentação, saúde e educação garantidas -, pode estudar, se divertir, se alimentar e, nesse momento, ingressar no ensino superior de uma renomada universidade pública.
Dois nomes e gêneros iguais; ambas são humanas; possuem os mesmos direitos garantidos na constituição ‘’cidadã’’, mas, ainda assim, estão diferentes. Uma, como cheguei a saber, é duramente alijada de seus direitos por seus patrões; outra, tem altas chances de ter um futuro digno, trabalhar no que gosta, ter acesso ao lazer, etc. Quiçá até, caso queira, se tornar ‘’patroa’’.
Essas duas Luísa são o retrato de um país desigual, onde os direitos ou alguns deles são garantidos à uma minoria em detrimento de uma maioria que luta a cada dia para sobreviver; assim, esses deserdados e ‘’preguiçosos’’ não conseguem desenvolver suas potencialidades e se afirmar como cidadãos. A retirada de sua dignidade alimenta um círculo vicioso, onde aquele que pouco tem, pouco sabe e, pois, pouco luta e por pouco lutar, continua ter apenas migalhas da riqueza nacional.
É o Brasil a fonte destas duas Luísa; como um Cronos que devora seus próprios filhos, mas ao contrário desse, ele escolhe qual pode e qual não pode viver.
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