segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Por que sou ateu?


Longe de não acreditar em Deus por considera-lo ''um delírio'' por si só, sou ateu por achar contraditório que Ele, perfeito e bom, coexista com essa realidade, imperfeita e má. Ora, como pode Deus tolerar que crianças sejam subnutridas, que inocentes sejam mortos ou mutilados em guerras, como a que se desenvolve na Síria atualmente?

Como diria Epicuro: ''ou Deus pode evitar as catástrofes ou não pode. Se pode e não o faz, não é bom. Se não pode, não é onipotente. Se não é bom, não é Deus, não existe. Se é impotente, não é Deus, não existe.''

Muitos contestam esse raciocínio afirmando que o mal não é culpa de Deus, mas sim do Homem, que o gera com suas más ações. No entanto, mesmo que Ele não pudesse ser julgado pela origem do mal, Ele o pode ser julgado pela permanência desse.

Ora, sendo Deus onipresente, onipotente e onisciente, por que ele não se revela para a humanidade, de modo a guia-la para uma prosperidade geral? Prosperidade em que não haja fome, medo, guerras, enfim, sofrimento? Se ele nada faz, ele compactua com o mal; ou seja, o paradoxo de Epicuro! Deus, se compactuar com o mal, poderá ser talvez um ente poderoso; um Demiurgo que, apesar de ser mais que nos meros humanos, continua limitado e falho. Não Deus.

Outro ponto frágil dessa argumentação é a de que Deus, sendo onisciente, certamente saberia o que suas criaturas terminariam por fazer; ou seja, ele saberia que haveriam as cruzadas, a inquisição, o massacre de Ruanda, a miséria no continente africano, etc. Mesmo assim, Ele não alterou a Criação de modo a impedir eventos como esses, eventos sofridos. Novamente, o paradoxo.

Diante da nossa sofrida realidade humana, outros argumentam de que tudo isso faz parte de um plano divino. Deus estaria testando, por exemplo, nossa fé ou nos preparando para uma iluminação espiritual - como afirma o Espiritismo. Ora, em ambos os casos o Homem é coisificado, tornando-se um objeto nas mãos de Deus para que ele cumpra sua Providencia.

Algo assim é cruel, pois não respeita a autonomia de um ser inteligente, como o ser humano. Se ha de fato livre arbítrio, por que Ele não expõe seu plano e pergunta se o aceitamos? Afinal, por que não criar um realidade sem sofrimento? Alias, para que serve a Criação? Se Deus é perfeito e, portanto, reúne todas as virtudes, Ele não deveria bastar a si mesmo? Para que perder tempo criando algo e, no nosso caso, algo tao torto e errado?

Enfim, por esses motivos sou ateu. A proposito, isso não significa ter certeza que Ele não existe, mas sim acreditar ou considerar como mais provável que Ele não exista. De modo eu e, acredito, outros ateus não temos problemas em debater com teístas, religiosos ou não, a existência de Deus. Ao contrario do que muitos ateus deixam transparecer, o ateísmo não é um fato cientifico.

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