domingo, 28 de setembro de 2014

É a Rádio Bobo!



Conheci a Rádio Globo por uma vizinha que insiste em manter o rádio no volume máximo. Ganhei desgosto pela programação. A forma com que os radialistas se comunicam com o público é infantil, boba e espalhafatosa - o que reflete uma infantilidade dos trabalhadores brasileiros, preso à essa mediocridade, já que as empresas não tem interesse em elevar, mesmo que para a direita, o nível da programação.

Um bom exemplo disso é a chamada "Bota amizade nisso". Ora, somente pessoas simples podem acreditar que uma empresa, que apoiou a ditadura, pode ter amizade com o povo. Ele é apenas um consumidor, não amigo; mas a Globo se aproveita da fragilidade do povo e o engana - se fosse tão amiga do povo, apoiaria a Reforma agrária.

Outro defeito da programação é o conteúdo. Passam programas humorísticos sem a mínima graça - são tão ruins que os efeitos sonoros são usados à exaustão, de modo a induzir o riso; passam histórias de auto-ajuda com moral simplista - já compararam a vida com uma fatia de bolo, como se bolos sofressem depressão ou fossem estuprados.

E tem o Debates Populares, programa no qual um tema é escolhido e os convidados, mediados por Roberto Canázio, "debatem" o assunto. Só que é tudo mal feito. São chamadas pessoas que não tem formação para opinar; não há contraditório no ponto de vista, já que os comentaristas sempre são conservadores; o programa é muito rápido, de modo que o tema é discuto de forma superficial. Desse programa já saiu a pérola de que o cigarro era mais perseguido do que a maconha no Brasil - como se alguém fosse preso por fumar cigarro ou como se ele armasse o tráfico nas favelas.

Roberto Canázio, comentando qualquer coisa sobre o PT, disse que ele fala com o povo. E é verdade; seu programa tem audiência entre os trabalhadores. Contudo, ele não fala pelo povo. Por trás de seu tom indignado, supostamente em defesa dos trabalhadores, há uma farsa: ele finge que faz algo de concreto, mas jamais ataca os problemas pela raiz. Se realmente o fizesse, chamaria sociólogos e antropólogos para discutirem o fim da polícia militar, que tanto massacra os pobres do Rio. Se se importasse. chamaria médicos, psicólogos e assistentes sociais para debater a descriminalização da maconha e do aborto, ao invés de, como já fez, ordenar que as pessoas parassem de ´´cheirar´´ e se ´´picar´´. Se tivesse consideração pelo povo que o escuta, passaria de chamar a ditadura de Revolução, que abortou as reformas de base de Jango e exterminou os verdadeiros revolucionários.

Não. A Rádio Globo e Roberto são cínicos. Falam apenas com o povo, mas não por ele. Se você quer algo diferente, ouça o Faixa Livre, leia Le Monde Diplomatique Brasil, Carta Capital,  Caros Amigos. Mas desligue a Rádio e TV Bobo.