sábado, 18 de agosto de 2012

Humor e midia


Aquelas brincadeiras tidas como bobas, a exemplo de enfiar um lápis no nariz ou dar um trote em alguém, existem há tempos. O que não existia, e atualmente é marcante no Brasil, é a mercantilização dessas brincadeiras. Programas como o ''Panico na TV'' vivem dessa oferta. Mas, afinal, o que isso representa para a sociedade: seria uma especie de degradação cultural ou, como muitos afirmam, apenas divertimento?

Muitas vezes, existência desse tipo de conteúdo demonstra apenas o gosto que o ser humano tem pelo humor. Gracas a ele, relaxamos em momentos de tensão ou quebramos aquela apatia que, vez ou outra, aparece. É natural, como disse um ex ministro da Cultura, que vez ou outra vejamos besteiras. De vídeo cassetadas ate alguém andando fantasiado pela rua, são coisas que nos divertem, por mais que se tente esconder isso. Questione-se, leitor: você seria capaz de apenas ''consumir'' filosofia, politica ou economia, sem jamais dar espaço para brincadeiras? Certamente que não.

Entretanto, ao mesmo tempo que o humor pode nos divertir, ele também pode agredir as pessoas. Isso acaba acontecendo quando ele é feito sem qualquer tipo de limite. Um exemplo disso se deu, há alguns anos atrás, com o ator Wagner Moura. Ele comentou a historia, em um artigo publicado no jornal O Globo; lá, ficava-se sabendo que um apresentador havia, do nada, esparramado sobre ele uma especie de gel e que, enquanto ele tentava escapar da investida, o apresentador tentava mante-lo no local. Embora seja dito que fatos como esse são o preço da fama, não há algo que possa justificar uma postura dessas. Nada deve passar por cima de direitos como a dignidade e liberdade humana. Não há, simplesmente, graça quando isso acontece, afinal, o humor é, antes de tudo, um pacto entre humorista e publico; sem a permissão desse não ha espetáculo para aquele.

Infelizmente, casos como esses não são exceção, tendo em sua origem fatores diversos. Um deles seria o precário ensino brasileiro que, no geral, não expande o horizonte cultural do jovem. Dai sai, por exemplo, o desinteresse pela leitura e escrita, pela poesia, pelo teatro; enfim, todo um repertorio que aprimoraria o espirito da população, formando uma maior consciência critica sobre a realidade.

Um outro fator tange a mídia. Como essa é, em sua maior parte, formada por empresas privadas, acontece que a programação se resume ao que proporciona lucro. De modo que a produções de programas ''heterodoxos'' são deixadas de lado. Consequentemente, a população fica viciada nos mesmos programa e ideias - um bom exemplo é o programa Ver TV, que debate o comportamento da mídia brasileira; não por acaso, o programa é veiculado pela TV Câmara .

Portanto, as ''bobagens'' que marcam presença em nossos meios de comunicação são necessárias e saudáveis, desde que respeitem direitos humanos como a dignidade e liberdade. A fim de evitar que esse humor se torne negativo e excessivo, urge por um lado melhorar a educação publica, diversificando a demanda cultural e por outro regular os meios de comunicação, impondo uma diversidade minima em sua programação ou oferta.

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