Contudo, esse modelo de urbanização é irracional. Ora, como pode em um país que possui um déficit habitacional de 5,5 milhões de moradias destinar o solo urbano para carros, máquinas que certamente menos necessitam desse espaço? Há, evidentemente, uma inversão de prioridades.
''Ah, mas muitas vezes não há espaço para se estacionar''. Certo, então o correto seria diminuir a necessidade que o brasileiro tem por carros, de modo a liberar esses espaços para quem realmente precisa, sem prejudicar aqueles que precisam de seus carros. Bastaria, por exemplo, investir em um aumento na qualidade e acessibilidade do transporte público, qualificando seus funcionários; diminuindo o preço da passagem pelo subsídio do Estado; investir na complementaridade entre rodovias, ferrovias e hidrovias; etc.
Outras iniciativas interessantes seriam aumentar o imposto sobre os carros - algo oposto ao que o governo tem feito para estimular a economia, ao reduzir o IPI - e diminuir o espaço de sua publicidade nos meios de comunicação, especialmente a televisão.
Ora, essas medidas, que são apenas frações de um planejamento urbano, certamente levariam com que o brasileiro, no longo prazo, mudasse seus hábitos. Ganharia a cidade e seus cidadãos; afinal, com menos carros haveria menos poluição; acidentes de trânsito; espaços urbanos ocupados direta ou indiretamente pelos automóveis; entre outras coisas.
O que falta, infelizmente, é a vontade política para encabeçar esse projeto e enfrentar os interesses da indústria automobilística e das empresas de transporte público. Até lá, continuaremos com essa roda no sapato.
PS - Uma entrevista com Raquel Rolnik complementando o tema:
http://www.brasildefato.com.br/node/10961
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