segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Por uma cidade cidadã


Perto de onde moro existem alguns prédios com, ao menos, 4 andares que funcionam como estacionamento para seus inquilinos. Algo assim é vantajoso para seus moradores, já que lhes permite ter um estacionamento privativo e, por se localizar no prédio, mais seguro.

Contudo, esse modelo de urbanização é irracional. Ora, como pode em um país que possui um déficit habitacional de 5,5 milhões de moradias destinar o solo urbano para carros, máquinas que certamente menos necessitam desse espaço? Há, evidentemente, uma inversão de prioridades.

''Ah, mas muitas vezes não há espaço para se estacionar''. Certo, então o correto seria diminuir a necessidade que o brasileiro tem por carros, de modo a liberar esses espaços para quem realmente precisa, sem prejudicar aqueles que precisam de seus carros. Bastaria, por exemplo, investir em um aumento na qualidade e acessibilidade do transporte público, qualificando seus funcionários; diminuindo o preço da passagem pelo subsídio do Estado; investir na complementaridade entre rodovias, ferrovias e hidrovias; etc.

Outras iniciativas interessantes seriam aumentar o imposto sobre os carros - algo oposto ao que o governo tem feito para estimular a economia, ao reduzir o IPI -  e diminuir o espaço de sua publicidade nos meios de comunicação, especialmente a televisão.

Ora, essas medidas, que são apenas frações de um planejamento urbano, certamente levariam com que o brasileiro, no longo prazo, mudasse seus hábitos. Ganharia a cidade e seus cidadãos; afinal, com menos carros haveria menos poluição; acidentes de trânsito; espaços urbanos ocupados direta ou indiretamente pelos automóveis; entre outras coisas.

O que falta, infelizmente, é a vontade política para encabeçar esse projeto e enfrentar os interesses da indústria automobilística e das empresas de transporte público. Até lá, continuaremos com essa roda no sapato.

PS - Uma entrevista com Raquel Rolnik complementando o tema:

http://www.brasildefato.com.br/node/10961


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Pelo voto responsável


Recentemente em São Paulo tanto o PCB quanto o PSOL, com a diferença de que este deu a opção do voto crítico em Haddad, orientaram seus militantes a votarem nulo nas eleição para prefeito. Ora, é evidente que o candidato do PT está distante das idéias e propostas destes partidos socialistas, contudo, este mesmo candidato está mais próximo ideologicamente deles do que o atual prefeito José Serra, que disputa a reeleição.

O que isso quer dizer? Simples. Ambos os partidos deveriam ter orientado a seus membros que votassem 13, sem dar margem ao voto nulo ou branco. Afinal, se um ou outro será eleito, inevitavelmente, porque não aumentar a probabilidade que um candidato do PT -  que ainda possui membros valorosos, como Paulo Paim e Tarso Genro - vença o candidato do PSDB, que abriga políticos como o ex-comandante do ROTA - eleito vereador recentemente - e Geraldo Alckmin, atual governador do estado de SP, responsável pela injusta e violento episódio do Pinheirinho?

Certamente, pela lógica de aliança que o Partido dos Trabalhadores vem desenvolvendo há décadas - como a que envolveu o PL de José Alencar com Lula em 2002 e, mais recentemente, com Maluf e seu partido - não são esperados grandes avanços; entretanto, as chances de ocorrerem retrocessos são menores se comparados com José Serra no poder.  

Ora, um governo petista, mesmo com todas as críticas, não é menos danoso aos trabalhadores paulistas? E não é papel dos comunistas almejarem o bem estar dos trabalhadores, ainda mais quando não há uma alternativa comunista ao Executivo?

Enfim, esses partidos devem se lembrar que ''quanto pior, pior'' e, portanto, fortalecer a alternativa menos prejudicial à classe trabalhadora - como fizeram ao apoiar Getúlio e JK no século passado. Caso contrário, ele estará contribuindo para que uma candidatura, mesmo que em desvantagem, que fere os interesses dos menos favorecidos se fortaleça.

PS - fica a minha lamentação pela declaração de Plínio de Arruda Sampaio, o qual admiro, em apoio ao candidato José Serra. Faltou a ele uma analise mais serena desse embate político.